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Cella Bar

O Cella Bar fica na Madalena, na Ilha do Pico, Açores  e quem dá uma espreitada nas fotos é impossível não ficar com uma vontade enorme de ir até lá, comer umas tapas, um bom vinho, esplanar e perder-se na vista deslumbrante que nos permite alcançar até a ilha do Faial.
Cella em latim significa armazém e este espaço teve o seu início num antigo armazém de vinho, com construção em basalto, que entretanto foi recuperado. Recentemente os donos do Cella Bar decidiram expandir o restaurante, que funciona no tal antigo armazém, sendo a sua intenção criarem um bar e  uma esplanada, que apresentassem uma arquitectura contemporânea e que respeitasse a paisagem natural e a história do edifício já existente. O novo edifício, concebido pelo Arquitecto Fernando Coelho do gabinete FCC Arquitectura, tem construção em madeira e apresenta, em oposição ao edifício já existente, uma linguagem orgânica e dinâmica sendo esta dualidade entre os dois edifícios responsável por uma interligação e simbiose perfeita do espaço global.
Já há muito tempo que sonho em ir aos Açores e quando um dia nesta vida me calhar essa sorte, vou tentar não me esquecer de ser feliz no Cella Bar.







Aqui há Gato!

No myownportugal vem uma lista das 20 livrarias mais emblemáticas do país. 
Como as livrarias são um dos locais que mais me fascinam e nos quais gosto mais de passar um bom par de horas, dei uma espreitadela nesta lista. 
Das vinte fabulosas livrarias listadas já fui a nove delas mas hoje, este post vai especificamente para uma que me fala mais directamente ao coração, a Aqui há Gato!

O Aqui há Gato é um espaço dedicado às crianças, onde acontecem um sem número de actividades e brincadeiras de encantar e no qual também existe uma pequena livraria infantil, que apesar de pequena, tem uma selecção extremamente cuidadosa e de qualidade da melhor e mais actual literatura infantil editada em Portugal.

A livraria Aqui há Gato nasceu em Santarém em 2007, pela mão de uma pequena mais ou menos da minha idade, a Sofia, que morava na rua onde eu sempre morei toda a minha infância e adolescência e desde logo que fiquei fã deste espaço. 

Com o nascimento da Madalena, tornámo-nos ainda mais fãs desta livraria e deste espaço mágico.
Ao fim de semana, sempre que tínhamos a sorte de rumar até Santarém, nunca queríamos perder as sessões de histórias contadas, sempre acompanhadas do respectivo teatro ou fantoches.

Às 10:00 da manhã de sábado começava a sessão e poucos minutos antes, a romaria barulhenta e acelerada de papás e crianças pelas ruas antigas da cidade até ao Aqui há Gato, não passava despercebida e invariavelmente o espaço ficava completamente repleto. 

Já lá dentro, durante 20 a 30 minutos mergulhávamos todos, crianças e graúdos, num mundo suspenso entre a fantasia e o sonho. No final, ficávamos de tal forma emocionados com a história e com a forma magistral como tinha sido contada, com todo o espectáculo, com a energia, com a dedicação de todos ali envolvidos, que não tínhamos outra forma de guardar e agradecer aquela tão boa recordação dentro de nós, se não comprando o livro da história que ouvíramos minutos antes.

Na biblioteca cá de casa fazem parte muitos livros do Aqui há Gato e todos eles guardam boas memórias do dia em que ouvimos aquela história pela primeira vez.

Agora por força das circunstâncias já não vamos tanto ao Aqui há Gato mas os nossos pequenos não deixam cair no esquecimento este espaço mágico, já gravado no seu coração e vai na volta perguntam:
"Podemos ir ao Aqui há Gato?"
"Sim, logo que aterrarmos em Portugal..."

Estas férias, no meio de tanto corropio ainda conseguimos passar no Aqui há Gato e matar saudades.


Portugal revisitado

Lisbon revisited (1926)

Nada me prende a nada.
Quero cinquenta coisas ao mesmo tempo.
Anseio com uma angústia de fome de carne
O que não sei que seja -
Definidamente pelo indefinido...
Durmo irrequieto, e vivo num sonhar irrequieto
De quem dorme irrequieto, metade a sonhar.

Fecharam-me todas as portas abstractas e necessárias.
Correram cortinas de todas as hipóteses que eu poderia ver da rua.
Não há na travessa achada o número da porta que me deram.

Acordei para a mesma vida para que tinha adormecido.
Até os meus exércitos sonhados sofreram derrota.
Até os meus sonhos se sentiram falsos ao serem sonhados.
Até a vida só desejada me farta - até essa vida...

Compreendo a intervalos desconexos;
Escrevo por lapsos de cansaço;
E um tédio que é até do tédio arroja-me à praia.
Não sei que destino ou futuro compete à minha angústia sem leme;
Não sei que ilhas do sul impossível aguardam-me naufrago;
ou que palmares de literatura me darão ao menos um verso.

Não, não sei isto, nem outra coisa, nem coisa nenhuma...
E, no fundo do meu espírito, onde sonho o que sonhei,
Nos campos últimos da alma, onde memoro sem causa
(E o passado é uma névoa natural de lágrimas falsas),
Nas estradas e atalhos das florestas longínquas
Onde supus o meu ser,
Fogem desmantelados, últimos restos
Da ilusão final,
Os meus exércitos sonhados, derrotados sem ter sido,
As minhas cortes por existir, esfaceladas em Deus.

Outra vez te revejo,
Cidade da minha infãncia pavorosamente perdida...
Cidade triste e alegre, outra vez sonho aqui...

Eu? Mas sou eu o mesmo que aqui vivi, e aqui voltei,
E aqui tornei a voltar, e a voltar.
E aqui de novo tornei a voltar?
Ou somos todos os Eu que estive aqui ou estiveram,
Uma série de contas-entes ligados por um fio-memória,
Uma série de sonhos de mim de alguém de fora de mim?

Outra vez te revejo,
Com o coração mais longínquo, a alma menos minha.

Outra vez te revejo - Lisboa e Tejo e tudo -,
Transeunte inútil de ti e de mim,
Estrangeiro aqui como em toda a parte,
Casual na vida como na alma,
Fantasma a errar em salas de recordações,
Ao ruído dos ratos e das tábuas que rangem
No castelo maldito de ter que viver...

Outra vez te revejo,
Sombra que passa através das sombras, e brilha
Um momento a uma luz fúnebre desconhecida,
E entra na noite como um rastro de barco se perde
Na água que deixa de se ouvir...

Outra vez te revejo,
Mas, ai, a mim não me revejo!
Partiu-se o espelho mágico em que me revia idêntico,
E em cada fragmento fatídico vejo só um bocado de mim -
Um bocado de ti e de mim!...

                                    Álvaro de Campos




































































Vinte e um dias no nosso doce país partilhados entre amigos e família.


A vida só se dá para quem se deu - vinicius de moraes