Na pressa dos dias...


Pequenos vestidos, pequeno almoço tomado, saem todos de casa, uns para a escola de francês, outros para o parque, para aproveitar este maravilhoso sol com que fomos brindados e só eu fico em casa.
Permito-me a abandonar toda a logística que a casa exige, camas por fazer, loiças por arrumar, roupas por tratar, almoço por fazer... e decido abraçar este silêncio que invade a casa.
Esqueço-me de abraçar mais vezes este silêncio raro. 
Sempre na urgência de fazer qualquer coisa, de não deixar nada para depois, de ter quase medo de somente sentar-me e ficar, sempre no reboliço de escrutinar e repensar este excesso de futuro, que me deixa por vezes tonta.
Com este silêncio bom por perto, pego no livro que já arrasto há alguns meses e mergulho na prosa dorida e confusa de João Tordo no "O luto de Elias Gro".
Na pressa dos dias esqueço-me de ler. Esqueço-me de como um livro nos permite ser tanto. Esqueço-me de como ler me trás a quietude que agora o meu corpo exige.
Entrego-me a este tempo só meu e decido só vir à tona quando viro a última página do livro.
Mesmo a tempo de tomar banho, escrever este post e sair a voar para pegar e abraçar o melhor do meu mundo.

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