Trovoadas, compras on-line, avisos e outros pormenores insólitos deste novo mundo

Ao fim de um mês por estas bandas, outros pormenores insólitos que por enquanto são ainda por nós estranhados e pouco entranhados.

Nunca vi chover tão torrencialmente em qualquer outro dia da minha vida como aqui e, nesta última semana, as enchorradas foram mais que muitas, umas atrás das outras, sempre acompanhadas de enormes trovoadas, com descargas eléctricas que rebentaram diversas vezes com a electricidade do prédio e os trovões com trovares tão ensurdecedores que por vezes parecia que estávamos debaixo de um ataque aéreo e todo este cocktail sempre acompanhado de um calor enorme.
De facto, nós já nos tínhamos perguntado porque razão as sarjetas nas ruas têm umas dimensões tais que uma criança ou animal mais distraídos poderiam facilmente ali enfiarem-se, mas agora, com os últimos dilúvios a que temos assistido, percebemos o porquê da necessidade da sua existência.

Por aqui, comprar in loco, nas lojas, é coisa do século passado. O mais comum é irmos às lojas e dizerem-nos: "Não, este artigo não temos aqui em exposição, só vendemos on-line". Consultamos os sites das lojas e vendem mil e um produtos diferentes, vamos às lojas propriamente ditas e parecem que estão, exagerando um pouco, em falência técnica.
Parece que vamos mesmo ter que mudar os nossos hábitos, mas para já, para mim, ainda me é difícil comprar sem sentir o produto.

Para atravessar uma rua de um lado para o outro, posso contar em ter que andar mais não sei quantas centenas de metros até encontrar uma passadeira para peões. Esta cidade não está mesmo feita para a escala humana. A propósito deste tema descobri outro dia que um americano anda em média 300 metros por dia. 300 metros por dia... absolutamente inacreditável. Não dão um passo que não seja de carro.

Os avisos por aqui são mais que muitos, nas coisas em que de facto fazem falta mas também em mais uma centena de outras em que por e simplesmente parecem tão evidentes e óbvias que ficamos logo a pensar quando os lemos que:"Isto concerteza, trás água no bico."
Igualmente e na mesma onda de questões de responsabilidades, em qualquer sítio que vamos, assinamos não sei quantas declarações a assumir a nossa inteira e total responsabilidade neste ou noutro assunto. A título de exemplo, no último fim de semana, fomos ao IKEA. O nosso pequeno António adora ficar a brincar no pequeno parque interior de actividades para crianças que qualquer IKEA tem. Nunca antes, em qualquer outro país, nos tinham pedido que assinássemos uma declaração em como aceitávamos a condição que, se por um mero acaso o nosso filho perdesse os seus óculos na piscina de bolas, não estaríamos autorizados a procurá-los de nenhuma forma, pois essa mesma piscina é apenas esvaziada uma vez por semana e só então, nessa altura, poderiam os óculos ser recuperados.

Tenho reparado que, invariavelmente, grande parte das pessoas, principalmente ao fim de semana, andam sempre em traje de desporto, seja numa livraria, numa loja de tecnologias, a almoçarem, no supermercado, no parque... tudo em calções ou calças de licra, t-shirts e ténis de corrida
Ao príncipio pensava, pronto ok, saem daqui e vão fazer o seu jogging ou o seu ginásio, mas não são uma ou duas pessoas, são muitas pessoas, em diferentes sítios, por diversas razões... Penso que encontrei aqui uma nova moda, apesar de ainda a não ter bem percebido.

Em qualquer sítio que decidamos ir comer fora, o empregado de mesa destinado a servir-nos, aproxima-se com um grande sorriso, diz-nos o seu nome e informa-nos alegremente que é ele que vai receber todos os nossos pedidos ou ajudar-nos durante toda a nossa refeição.
Fazem a coisa de tal forma briosa que parece que se vão tornar os nossos melhores amigos para o resto da vida e não apenas o nosso empregado de mesa por um par de horas.


Sem comentários: