A Civilização Europeia - parte II


Começo agora a compreender porque razão os Estados Unidos da América são uma das maiores potências económicas mundiais.... Por aqui, aparentemente não existe aquele sentido do Estado fazer pelo seu povo, fazer pela nação, para engrandecê-los e torná-los maiores e melhores. 
Aqui, aparentemente, é sempre o povo que verga pelo Estado e assim obviamente torna-se bem mais fácil para o Estado conseguir o feito de ser uma das maiores potências económicas mundiais.

A busca por um pediatra para os nossos filhos por estas bandas não tem sido fácil. 
Inicialmente porque aguardávamos a activação do seguro de saúde, depois porque procurámos muito para tentar obter informações e sugestões dos melhores pediatras e terceiro porque após variadíssimas tentativas para diferentes pediatras e clínicas de pediatria, em diferentes zonas da cidade tudo, tudo parecia aparentemente lotado (!).

Porém, no outro dia recebemos mais uma série de papeladas da escola que a Madalena e o António vão iniciar em Setembro, para entregar até ao início de Agosto, entre as quais atestados médicos, certificados de vacinas em dia, etc. e com esta espécie de ultimato e as vacinas da Maria já tão em atraso, pegámos numa espécie de páginas amarelas e lançámo-nos na tarefa aparentemente hercúlea de encontrarmos um pediatra.

Após várias tentativas, lá houve uma clínica que agendou a consulta para esta segunda-feira.
Ficámos contentes por ter uma consulta ainda antes de partirmos para Portugal mas ficámos desconfiados porque no meio de tanto pediatra, este ser o primeiro a ter vaga, isso poderia querer dizer alguma coisa... mas enfim.
Lá rumámos hoje ao dito pediatra.

Logo ao entrar na clínica, que até tinha uma dimensão bastante considerável e possuía outros tipos de serviços médicos para além de pediatria, fiquei logo do tipo, com comichão pelo corpo todo... "Bem, isto começa mal."- pensei.

Bolas pá! Uma pessoa está habituada desde que nasceu, a sempre que vai um consultório, clínica ou hospital, mesmo que tivesse instalações antigas e fosse público (que foi na maioria das vezes o meu caso), o aspecto era sempre na generalidade do mais imaculado que havia e principalmente perfeitamente higienizado, desinfectado e a cheirar a limpo.

Nesta clínica, o cheiro quando entrámos era do estilo a fritos, como no McDonalds o ambiente era todo em tons cinzentos, castanhos e verdes desmaiados, a espectacular alcatifa a imperar em todos os corredores com um ar repleto de sujidade e pó... Parecia que tinha acabado de entrar numa clínica médica em África e se as cirscunstâncias da nossa vida fossem outras tinha dado meia volta no mesmo minuto em que entrámos, mas pensei para mim mesma:" Vá Rita, não sejas tão exigente,isto são pormenores"

Relativamente à sala de espera e ao tipo de pessoas que a partilhavam connosco não tecerei quaisquer tipo de comentários porque há coisas que é preferível não ficarem escritas já que poderão  interpretar-me erroneamente.

Passando à frente este capítulo que muito teria para contar, ficámos presos mais uma vez na questão do cartão de saúde. É um cartão de saúde internacional, associado a uma seguradora americana mas, ainda assim, parece ser sempre insuficiente ou cheio de complexidades por detrás. Assim, após um enxorrilho de telefonemas a confirmar mil e uma coisas informaram-nos que teríamos de pagar as consultas mas que depois o seguro pagaria uma parte ou até totalidade. Bem....Ok... (nós precisávamos das consultas e pensámos bolas, eles não têm nada, são saudáveis e esta é só uma mera consulta de rotina...). Após termos aceitado fazer as consultas nestas condições, pediram-nos os boletins de vacinas para iniciar o processo de consultação.

As etapas foram variadas e as questões muitas.
Vacinações em crianças que já correram sistemas de vacinação obrigatória em três países diferentes, pode tornar-se num autêntico quebra-cabeças, mas, eu tenho a sorte de viver com um senhor que é um misto de agente do CSI, com algumas costelas do Dr House e uma grande dose de Sr."sabe tudo, deixa cá mas é eu ver isso que vocês são todos uma cambada de patos-bravos" e por isso tenho a minha tarefa de mamã galinha inspectora verdadeiramente facilitada.

Ao final de três horas dentro da clínica, com os pequenos a gritar, a resmungar, a espernear de cansaço, impaciência e também de dor (acabaram todos por ter que levar vacinas!) saímos de cara à banda com a módica quantia que deixámos lá ficar: 650 dólares.

Todas as vacinações são pagas (e bem!- qual plano nacional de vacinação qual quê!), o valor da consulta base é de 90 dólares, qualquer questão colocada extraordinariamente por nós a que o pediatra respondesse foi assinalada com mais 40 dólares, sem termos sido avisados previamente ("raios ta partissem" diria a minha avó Emília caso fosse viva), por preenchimentos de formulários sobre os nossos próprios filhos para despiste de doenças cobraram mais 15 dólares por cada um e por aí fora. Completamente inacreditável, para nós e para qualquer europeu, julgo.

Saímos de lá apenas com uma prescrição de uma pomada para aplicar numa pequena coisita que apareceu ao António e ao que tudo indica e pelo que a médica nos informou se trata de uma espécie de verruga.

Nesta mesma clínica existia uma farmácia e decidimos comprar logo ali a pomada. Na farmácia, com o mesmo tom sujo e com o mesmo cheiro a fritos, estávamos apenas nós e mais três pessoas e não sei como nem porquê esperámos uma hora para nos darem a pomada. A certa altura perguntei-me se não estariam eles a fazer a pomada naquele momento, mas ao que tudo indicou, não. Recebemos a pomadita e pagámos pela pomadita da verrugazita 140 dólares!!!! (não, eu não quero retirar cirurgicamente a verruga, eu só quero uma pomada para a tratar - pensámos nós dizer)

Sou eu que estou mal habituada? 
A Europa está errada quando possui um plano de vacinação obrigatório pago pelo Estado?
Não, parece-me a mim que eles é que têm com uma filosofia de sociedade errada e não é só nos cuidados de saúde, nos serviços de educação, muitas das coisas balizam-se pela mesma máxima:"Se tens paga, se não lixa-te."

Esta grande potência mundial tem um "je ne sais quoi" de terceiro mundo.

Na passada semana o Presidente Obama em viagem ao Quénia, queixava-se que um dos aspectos que mais lamentava não ter ainda conseguido resolver durante os seus mandatos é a questão da liberalização da posse de armas na América. 
É evidente que um país dito desenvolvido, não pode ter a maior percentagem de posse de armas de entre todos os países desenvolvidos e sub-desenvolvidos e consequentemente o maior índice de mortes provenientes do dito "terrorismo doméstico". 
Esta é só mais uma de entre muitas questões que me deixam apreensiva quanto ao real desenvolvimento deste país.




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