Hoje faço 35 anos.
Olho-me ao espelho.
Observo o meu reflexo e enquanto aponto e memorizo as tatuagens que o tempo vai deixando em mim, perco-me em exercícios mentais de quem sou agora, de quem já fui e de quem serei um dia.
Este exercício acontece hoje, não porque faço 35 anos. Este é o tipo de brainstorming em que dou por mim, muitas vezes, perdida. Equilíbrios e ponderações de toda a minha essência, dilemas concretos e outros mais abstractos de como posso vir a ser melhor do que sou hoje e no que poderei um dia tornar-me.
Desacelero a corrida que o meu cérebro iniciou e volto a observar-me.
Tenho mais cabelo brancos. Eu já os tinha, mas muito bem escondidinhos. O início dos 35 revela em toda a sua força os brancos a virem ao de cima. Não me importo, por enquanto assentam-me bem.
As primeiras rugas também vão espreitando.
Muito por causa de ter tido três filhos e de os ter amamentado aos três, no lugar das minhas antigas mamocas tenho duas ameixas secas.
Estou mais magra do que alguma vez me lembro de ter sido.
Cá por dentro, resto a mesma Rita.
A Rita que adora rir e cantar, fazendo jus ao que a minha mãe me disse toda a minha vida cada vez que me via chateada: " Eu que te chamei Rita para seres como a Rita Pavone, sempre a rir, a saltar e a cantar! (a Rita Pavone é uma cantora italiana que teve grande sucesso na década de 60).
A Rita que adora conversar, falar, estar com pessoas, ouvir.
A Rita que adora observar os outros.
A Rita que adora organização, método, listas e tudo o mais controlado possível.
A Rita que centra toda a sua vida na família.
A Rita que gosta de fazer os outros felizes.
A Rita que gosta de se perder e divagar em tudo o que poderia ter sido caso fosse mais corajosa e brava.
A Rita que gosta de tudo no seu lugar.
A Rita sensível, que se emociona facilmente.
A Rita preocupada em não desiludir os outros.
E porque nem tudo são rosas...
A Rita teimosa, intempestiva, mandona!
Nos meus alicerces estão bem vincados a educação, saberes, valores e modos de estar que a minha mãe e claro está, a minha Avó Emília, sempre me transmitiram.
Inspiro-me nelas todos os dias da minha vida.
Nestes exercícios de viagem interior, agora que sou mais madura, percebo e descubro em mim muito da minha Tia Lena e da minha Avó Cesaltina.
Concluo, mais uma vez, que na minha família predominam as mulheres.
Mulheres fortes, mulheres muito fortes e é no exemplo das suas vidas que muitas vezes me oriento e guio.
Continuo o meu exercício mental e percebo que, homens a influenciarem a pessoa que sou hoje, tenho o meu irmão e claro, o meu amor maior. Talvez um ou outro amigo também, mas não de forma tão determinante como eles dois.
Volto a olhar-me ao espelho.
Esta Rita que vejo hoje é uma mulher feliz.
Principalmente porque encontrei O Amor e mais ainda, porque todos os dias me banho nos frutos deste grande Amor.
É certo que há sempre pequenas coisas que conseguimos nomear que poderiam acrescentar umas gotas a mais de felicidade no rio da nossa vida... O ser humano é assim mesmo. Consegue sempre imaginar algo mais, que o possa eventualmente fazer mais feliz (mesmo que às vezes estejam completamente enganados quanto a esse "algo mais" e que, muitas vezes, a sua concretização não acrescente nem mais um décimo na felicidade que já existia).
Hoje faço 35 anos e nunca pensei em comemorá-los tão longe do meu país natal.
Uma das coisas que sempre adorei no meu dia de anos era de em minha casa, neste dia, ser tratada como uma autêntica princesa.
Não pelos presentes que recebia, que esses nunca foram muitos e, de certo modo, agora penso que ainda bem, pois deu-me toda a habilidade para viver não em função do ter, mas sim do ser.
Era um dia de princesa porque, neste dia, em minha casa, era eu que decidia tudo, os menus, os passeios, o bolo de anos especial...
Enfim era um dia de atenções e mimos, como qualquer aniversariante deseja.
Hoje, longe das principais pessoas que antigamente me garantiam este dia de realeza, não deixo de me sentir igualmente princesa, mas de outra maneira.
O olhar, os beijos, a adoração dos meus filhos.
Os mimos, o amor, o aconchego, a partilha e a segurança dos braços do meu amor maior a envolverem-me, que me garantem que sim, neste dia, eu continuo a ser uma Princesa.
3 comentários:
Muitos parabéns Rita! As RITAS já fazem todas 35! :)
Parabéns pela tua família e por manteres o "ar" querido e despachado de quando eu te conheci!
Beijinhos
Susana Mateiro
Parabéns Rita! Parabéns por tudo, principalmente por seres uma grande mulher. Beijinhos Ass. Sofia Santos
Minha querida
Tens a idade do Carlitos, mas ao contrário.
Muitos Parabéns! Que a vida te continue sempre a abençoar com a presença do AMOR e da FELICIDADE.
Bjs nossos
P.S.Nós também demos o nó no passado dia 8.Estamos muitos felizes.:)
Enviar um comentário