Cortar o cabelo

Desde que comecei a trabalhar e a ganhar o meu próprio dinheiro e quando ainda não tinha filhos, uma das coisas que gostava de fazer era, sempre que achava que tinha que cortar o cabelo (faço-o aí 4 vezes por ano) de experimentar um cabeleireiro novo. Como tenho uma farta cabeleira e como na minha infância tive uma tia cabeleireira, que sabia pegar no meu cabelo, cortá-lo e penteá-lo com uma precisão, técnica e saber impressionantes, acho divertido ver como um cabeleireiro analisa o meu cabelo, como pega nele, como o corta... A intensidade e força com que um cabeleireiro mexe num cabelo diz logo muito à partida se estamos nas mãos de um grande profissional ou de alguém que ainda não tem muita experiência e confiança. 
Nessa altura, em que comecei a trabalhar, começaram a aparecer imensos cabeleireiros diferentes em Lisboa, daqueles cheios de conceito e design e com bons profissionais. Adorava escolher sempre um diferente e adorava todos os momentos que lá passava, gostava de ser tão mimada e bem tratada. Adorava observar todos aqueles rituais que ali se passavam, ver como uma mulher entrava toda desgadelhada e como saía diferente e toda ela a transpirar sensualidade. Os cheiros, as técnicas, as massagens à cabeça (ou não), o requinte de nos servirem uma bebida, a decoração, as conversas que os profissionais mantinham com as suas clientes, enfim, todo um mundo de coisas supérfluas, mas tão divertidas de observar. Ir a um cabeleireiro destes era como se fosse o meu momento spa, era um miminho que eu adorava ter.

Com o passar do tempo, depois de ter experimentado diferentes cabeleireiros e com a chegada dos pequenos, deixei-me destas "tonterias". Se queria cortar o cabelo muito curto, que num cabelo muito grosso e com algum volume requer muita técnica e sapiência, ía a uma cabeleira top no Amoreiras Plaza, mas caso contrário passei a ir sempre ao Jean Louis David, bem como o resto de toda a família. É uma cadeia americana, onde somos sempre bem tratados e que os profissionais têm todos uma técnica suficiente para resolver um corte dito normal. Confesso que são um bocado impingidores de produtos e isso não é nada agradável, mas pronto, a partir do momento em que nos passavam a conhecer deixavam de chatear tanto.

Desde que cá chegámos, que também optámos por continuar a ir ao Jean Louis David de Waterloo. Tinha cortado lá o cabelo a última vez no início de Junho e fiquei contente. Agora já andava há algum tempo para lá voltar, mas, a semana passada, apareceu aqui no shopping perto da nossa casa, um quiosque "pop up" de um cabeleireiro com um novo conceito low-cost... Trata-se de um cabeleireiro rápido para os dias de correria que hoje em dia as pessoas vivem. O cabeleireiro não tem abastecimento de água, porque presta apenas serviços de secagem de cabelo, penteados especiais (para festas ou casamentos) e cortes de cabelo em seco. Ou seja, as senhoras aparecem lá com o seu cabelo já lavado (ou não, isso é um assunto pessoal) e as cabeleiras fazem apenas o dito "brushing", ou o penteado mais especial, ou o corte. Eu achei este conceito espectacular e pensei que era mesmo isso que eu ia fazer, cortar o cabelo naquele novo sítio, porque não queria um corte especial, apenas mais curto, porque já estava farta do trabalho que o cabelo me andava a dar a secar... e lá fui eu toda contente.

A miúda foi espectacularmente simpática... e despachada também! Despachou-me meio quilo de cabelo (ou mesmo um quilo!) em 10 minutos e "Voilá!",disse a caramela. Já há muito tempo que não me lembrava de ter um corte tão mau! Logo agora com esta barrigola a crescer sem parar e com um corte muito mais curto (e ainda por cima mau) andava a sentir-me assim como uma "caixa de fósforos"!


De maneira, que hoje de manhã, lá rumei eu ao eterno Jean Louis David de Waterloo para ver o que eles me podiam fazer com esta pequena obra de arte. Dadas as circunstâncias, eles não podiam fazer muito, mas estou  mais contente. Hoje ainda tenho aquele efeito cabeleireiro, vamos ver o que sai daqui quando o lavar cá em casa. O que vale é que o meu cabelo cresce a uma velocidade espantosa e qualquer dia já nem me lembro do mau corte que lhe fiz.
Enfim, assuntos e conversas de miúdas.

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