Estender roupa

Estas imagens são tão comuns por cá e não existem por lá...
Estender roupa, é uma tarefa que pode ser mais ou menos agradável, conforme o local em que a temos que estender. 
Na minha casa materna, sempre foi um prazer e uma diversão estender roupa. A cobertura da casa em que vivíamos terminava em dois terraços desnivelados, com vista sobre o casario da zona histórica de Santarém e tendo como plano de fundo a lezíria ribatejana serpenteada pelo rio Tejo. A roupa era estendida aí mesmo nesses terraços, onde podíamos circular livremente, tínhamos espaço de sobra para estender e podíamos perder-nos sem demora entre molas, lençóis, na paisagem e em brincadeiras com o nosso cão.
Na minha primeira casa, umas águas furtadas no Príncipe Real, estender roupa era igualmente um momento especial. Apesar de termos de fazer uma ginástica por vezes um pouco mirabolante e contorcionista, a vista de 180º desde o topo da colina até à zona ribeirinha, com o Tejo e a Ponte 25 de Abril em pano de fundo, eram motivos suficientemente fortes para querer estender a roupa, especialmente à noite, com toda a iluminação nocturna a intensificar o quadro que tínhamos pela frente.
Na nossa actual casa de Lisboa, estender roupa já não é assim tão divertido. O estendal é daqueles em que temos que estar debruçados sobre a janela, por vezes num exercício de equilíbrio que roça muitas vezes o perigoso e a vista não passa de umas simples traseiras de prédios. 
No Verão, estender roupa torna-se mais atractivo porque o cheiro a quente das nossas noites de Verão paga bem este trabalho, mas agora, no Inverno, com frio e sem vista para motivar, não é uma actividade muito encantadora, especialmente quando toca a ter que estender meias!
Por lá, este capítulo da vida doméstica pura e simplesmente não existe. Em qualquer casa de família é obrigatório existir máquina de secar, ou então, existe sempre a alternativa das inúmeras lojas estilo americano de lavar e secar roupa.

1 comentário:

aloureiro disse...

Amiga, só depois de ter estado fora, no estrangeiro, é que percebemos que nos sentimos em casa e encontramos ordem interior no "caos exterior" de Lisboa.

Como eu te compreendo...

Alou